O livro do profeta Isaías

Sumário

1 O livro como um todo

2 Isaías profeta

3 O Primeiro Isaías (c. 1-39)

3.1 Composição do I Is

3.2. Principais pontos de teologia

4 O Segundo Isaías (c. 40-55)

4.1 Autoria e datação

4.2 Organização

Excurso: os textos do Servo sofredor

4.3 Principais pontos de teologia

5 O terceiro Isaías (c. 56-66)

5.1 Natureza do III Is

5.2 Época de composição

5.3 O profeta

5.4 Organização do conteúdo

5.5 Principais pontos de teologia

6 Formação do livro de Isaías em seu conjunto

7 Lendo o texto hoje

Referências bibliográficas

1 O livro como um todo

Já no século XI, houve a percepção de que o livro de Isaías era composto de partes distintas. No final do século XVIII, Eichhorn (1783) e Döderlein (1789) enfatizaram a distinção dos c. 40 – 66. Os estudos de Duhm (1892), no entanto, apresentaram argumentos para se distinguir três grandes partes (c. 1-39, c. 40-55 e c. 56-66), atribuídas respectivamente à época do profeta (século VIII aC), ao período do exílio babilônico e à época pós-exílica. A partir de então, generalizou-se o modo de referir-se a elas, respectivamente como Proto (ou Primeiro) Isaías (I Is), Dêutero (ou Segundo) Isaías (II Is) e Trito (ou Terceiro) Isaías (III Is). Tal distinção é seguida atualmente pela maior parte dos estudiosos; alguns, todavia, entendem a segunda e terceira partes como uma unidade, tratando em conjunto, por conseguinte, os capítulos 40 a 66.

Os motivos para a distinção das três partes são de ordem histórica, literária e teológica:

a. Os elementos históricos referem-se ao contexto histórico pressuposto ou explícito. O Primeiro Isaías reflete, em boa parte, a época do século VIII; o Segundo supõe o povo no exílio babilônico e menciona Ciro (Is 44,28; 45,1), rei persa, que começou a aparecer no cenário internacional por volta de 550 aC; o Terceiro supõe o fim do exílio babilônico e refere-se à comunidade pós-exílica.

b. Os elementos literários dizem respeito aos temas abordados, ao vocabulário utilizado e ao estilo. No I Is prevalece o tema do juízo; no II Is, o anúncio de salvação; o III Is apresenta ambos os temas, mas com acentos próprios. A presença de vocabulário, motivos e esquemas literários diversos corroboram a divisão em três partes. Assim, no I Is é forte a presença do tema da santidade de Deus e da fé, com o respectivo vocabulário; o termo “consolar” caracteriza a mensagem do II Is; no III Is ocorre a metáfora de “pai” para Deus.

c. Os elementos teológicos referem-se a diferenças nas temáticas e na ênfase a elas dada. Por exemplo, é próprio do II Is a ideia da unicidade de Deus, posto em contraposição aos ídolos; práticas penitenciais são citadas no III Is, que ressalta também o valor do sábado e da obediência à aliança; já o I Is traz, em algumas passagens, referência ao filho de Davi, rei em Jerusalém.

Embora as três partes sejam distintas, há entre elas também relações. Redigido por último, o III Is é responsável não somente pela terceira parte do escrito, mas pela elaboração final de todo o conjunto, de modo que o livro, apesar das três partes, possui unidade. Com efeito, até algumas décadas atrás, normalmente essas três grandes seções eram consideradas três unidades fechadas e independentes. Atualmente, porém, se impõe sempre mais a pergunta acerca da unidade final do livro, fruto de uma redação globalizante. Todo o material, elaborado num largo espaço de tempo, que compreende vários séculos, foi colocado sob a égide de Isaías, profeta do século VIII, possivelmente porque os redatores concebiam-se como continuadores da mensagem do grande mestre.

2 Isaías profeta

O texto de Is 6,1 coloca o início da missão do profeta no último ano do rei Ozias (Azarias: 781-740), em cerca de 740. O título do livro (Is 1,1) menciona que o profeta atuou também sob outros reis: Joatão (740-736), Acaz (736-716) e Ezequias (716-687). Seu ministério profético se desenvolveu no Reino do Sul, Judá, particularmente em Jerusalém.

A partir dos textos do livro, podem ser distinguidos quatro períodos na atividade do profeta:

  • da vocação à guerra siro-efraimita (740-734), durante o reinado de Joatão (740-734). Trata-se de uma época em que, no plano internacional, a Assíria domina em grande parte a região, submetendo já então o Reino do Norte (Israel) a tributo; o Reino de Judá, contudo, não sofre a ingerência de nenhum poder estrangeiro e, por isso, passa por um período de florescimento econômico. Nessa situação, na mensagem do profeta Isaías predomina a preocupação com questões internas de Judá, sua situação social e religiosa (por exemplo: parte dos capítulos 1 a 5; Is 9,7-20; 10,1-4): a corrupção das classes dirigentes (governantes, juízes, donos de terras), o culto sem correspondência com a vida (Is 1,10-20), o luxo e o orgulho dos poderosos, com o consequente esquecimento de Deus (Is 3,16-24). Relativos a essa época são diversos anúncios de punição (Is 2,6-22; 3,1-9; 5,26-29), com chamados à conversão (Is 1,16-17; 9,12).
  • na época da guerra siro-efraimita (734-732), durante o reinado de Acaz (734-727). Os textos giram em torno desta situação (c. 7-8), em que o Reino do Norte (Israel) se uniu a Aram e investiu contra Judá, com a finalidade de pressioná-lo a fazer parte de uma coalizão antiassíria. O rei de Judá, Acaz, apela aos assírios e assim se livra dessa ameaça; passa então, porém, a ser vassalo da Assíria. Após a guerra, provavelmente, o profeta se retira (Is 8,16-18).
  • época da minoridade de Ezequias (727-715). Desse período é o oráculo contra a Filisteia, que convida Judá a uma coalizão antiassíria (Is 14,28-32), e o oráculo contra Samaria, que se rebela contra a Assíria (Is 28,1-4). Alguns autores datam dessa época outros oráculos contra nações (Is 14,24-27; 15-16; 21,11-12.13-17).
  • época da maioridade de Ezequias (714-698) (Is 39; 18,1-6), quando este rei assume plenamente o poder. Nessa fase do ministério do profeta, podem ser distinguidas duas etapas: após a primeira revolta contra a Assíria (713-711) e por ocasião da segunda revolta contra a Assíria (705-701) (c. 28 -31).

Em esquema:

Da vocação à investida siro-efraimita
Época da investida siro-efraimita
Época da minoridade de Ezequias
Época da maioridade de Ezequias (após714)
(Is 39; 18,1-6)
Is 1-5*
9,7-20; 10,1-4
c. 7-8
Is 14,28-32; 28,1-4
Is 14,24-27; c. 15-16; 21,11-17
após a 1ª revolta antiassíria
por ocasião da 2ª revolta antiassíria

c. 28-31
740-734
734-732
727-715
713-711
705-701

Alguns dados biográficos do profeta são fornecidos pelo livro. O interesse de Isaías pela monarquia davídica e pela cidade santa, além de seu conhecimento detalhado da cidade (1,10-11; 7,3; 22,9; 29,7), falam em favor de que fosse oriundo do Reino de Judá e habitasse em Jerusalém. Casado, teve ao menos dois filhos, aos quais deu nomes simbólicos (Is 7,3; 8,3). Talvez pertencesse à aristocracia, pois parece ter fácil acesso à corte (Is 7,3); interessa-se, porém, pelas classes mais pobres (Is 1,17; 3,12-15). Os textos que referem suas palavras apresentam um estilo elevado, com numerosas imagens, rico em antíteses e assonâncias (Is 1,25; 5,25-26; 18,3; 28,2; 29,6), de modo que se pode supor que o profeta possuísse alto nível cultural, que teria influenciado também os redatores do livro.

3 O Primeiro Isaías (c. 1-39)

3.1 Composição do I Is

Embora o I Is esteja ancorado na época do profeta (segunda metade do século VIII aC), nem todo o material que hoje se encontra nos c. 1-39 é desse período. Antes, numerosos textos supõem épocas posteriores, do tempo exílico e pós-exílico (Is 2,1-5; c. 12; c. 24-27; 34-35 etc.).

Considerado, porém, o conteúdo com o qual o livro chegou à sua formulação definitiva, podem ser distinguidos nele diversos blocos:

  • 1-12 e 28-33: duas coleções compostas sobretudo por material proveniente de Isaías profeta, com temas variados.

Os capítulos 1 a 12 trazem oráculos sobre Judá e Jerusalém: ameaças (por exemplo Is 1,2-24; 2,6-4,1;5,1-30) e promessas de restauração (por exemplo Is 2,1-5; 4,2-6; 10,20-23; 11,1-16). A seção 6,1 – 9,6, pela menção ao profeta, é chamada de “memorial de Isaías”. O texto de 12,1-6 fecha toda a seção com um canto de ação de graças pela salvação.

Os capítulos 28 a 33 são formados sobretudo por palavras de punição, nas quais é característica a repetição de “ai” (Is 28,1; 29,1.15; 30,1; 31,1; 33,1). Em Is 30,27-31,9 há ameaças à Assíria, contraparte da salvação para Judá (Is 30,27-33; 31,4-9) e uma advertência a Judá, que busca apoio no Egito (Is 31,1-3).

  • 13-23: diversos oráculos contra as nações, incluindo um oráculo contra Jerusalém (c. 22). As nações mencionadas são: Babilônia, Assíria, Filisteia, Moab, Damasco, Israel, Cush, Egito, Duma, Edom, Arábia, Tiro e Sidônia.
  • 24-27: apresentam temática e linguagem características, diferentes daquelas típicas do profeta do século VIII. À diferença dos oráculos contra as nações, a perspectiva destes capítulos não é mais a de povos concretos. No primeiro momento, as palavras têm uma moldura universal (Is 24,1.3.4.5.6.17.18.19.20), para em seguida falar-se da montanha de Sião e de Jerusalém (Is 24,23; 27,13). Por sua dimensão escatológica, estes capítulos são chamados de grande escatologia (ou apocalipse) de Isaías.
  • 34-35: os dois capítulos formam um díptico. O capítulo 34 descreve a desgraça para Edom, que serve de panorama para a descrição da salvação para Jerusalém (c. 35). Em vista da nota escatológica que esses capítulos apresentam, são chamados de pequena escatologia (ou apocalipse) – em comparação com a “grande escatologia” dos c. 24-27.
  • 36-39: escritos em prosa, retomam o texto de 2Rs 18,13-20,19. Relatam acontecimentos do reinado de Ezequias, no tempo do assédio de Senaquerib a Jerusalém (701). É exaltada a figura de Ezequias, em contraposição à falta de fé do rei Acaz (c. 7). Isaías aparece em cena (Is 37,2.5.6.21; 38,1.4.21; 39,3.5.8). O relato termina com o profeta anunciando o exílio babilônico (Is 39,6-7) para o tempo posterior a Ezequias, fazendo assim o gancho com a segunda grande parte do livro (c. 40-55). A promessa de paz para o tempo de Ezequias (Is 39,8) prepara, de outro lado, o anúncio, presente no II Is, de que Judá voltará do exílio babilônico; serve, assim, como esperança e consolo para os exilados (Is 40,1-2).

Em esquema:

1-12
13-23
24-27
28-33
34-35
36-39
Coleção enraizada no profeta
Oráculos contra as nações
Grande escatologia
Coleção enraizada no profeta
Pequena escatologia
Narração semelhante a 2Rs 18,13-20,19

3.2 Principais pontos de teologia

a) Acusação de injustiça

O c. 1 abre o livro com duas acusações (vv. 1-9.10-20). Sobretudo a segunda resume bem o núcleo do anúncio profético em relação ao tema da injustiça. As acusações aparecem, no livro, ainda em numerosas passagens, particularmente nos “ais”. O texto de Is 5,8-24 detalha os aspectos da situação de injustiça. Há um setenário de acusações: Is 5,8-10. 11-12. 18-19. 20. 21. 22-24 e 10,1-4.

b) A santidade de Deus

O tema da santidade de Deus é fundamental na mensagem do profeta por estar relacionado à experiência de sua vocação e seu envio em missão (Is 6,1-13). Aparece particularmente na denominação frequente de Deus como “o Santo de Israel” (Is 5,19.24; 10,20; 17,7; 29,19; 30,15; 31,1; 37,27). Com esse tema, o livro põe o acento na transcendência de Deus.

c) A fé; Isaías e a política

A fé opõe-se, em Isaías, à atitude de orgulho (Is 2,11-17) e à autossegurança (Is 1,10-15). Implica colocar sua confiança somente em Deus. Consiste na entrega à vontade divina e ao plano de Deus (Is 30,15). É fonte de segurança (Is 30,15-18) e se opõe a confiar exclusivamente nos próprios recursos, deixando de recorrer a Deus (Is 30,1-5; 31,1-3). Com isso, toca-se o tema da visão política do profeta: ele condena a política que, segura de seus próprios meios, age sem consulta à vontade divina. Texto particularmente importante é 7,10-17, que tem seu ponto central no v. 9: “se não crerdes, não permanecereis firmes”.

d) Teologia de Sião-Jerusalém

O profeta abomina os pecados de Jerusalém (Is 1,21-26; 2,6-17; 3,16-24; 22,1-14; 29,1-10). No cântico da vinha (Is 5,1-7) resume-se de forma mais completa a gravidade das opções de Jerusalém contra o Senhor. No entanto, o livro mostra também que Jerusalém é a cidade eleita por Deus, é morada de Deus (Is 8,18; 14,32). Por isso, Deus a transformará e sustentará (Is 1,25-26; 28,16-17). Ela será o centro dos povos, de onde surgirá a salvação para todos (Is 2,1-5).

e) Expectativa messiânica

Espera-se o “messias”, um novo Davi, que restabelecerá a o direito e a justiça, trará a paz e, assim, a prosperidade para o povo de Deus, iniciando uma nova época (Is 9,1-6; 11,1-11).

O termo hebraico “messias” significa ungido. No Antigo Testamento, eram ungidos particularmente reis e sacerdotes. A unção de sacerdotes os investia na função (Ex 28,41; 29,7 et passim). Mas é sobretudo o rei que o Antigo Testamento liga à ideia de messias.

O rei é ungido no momento de sua coroação (Jz 9,8; 1Sm 9-10; 2Sm 2,4; 5,3; 1Rs 1,39; 2Rs 11,12; 23,30). Recebe, então, a força de Deus (1Sm 9,16; 10,1.10; 16,13), é o “ungido do Senhor” (2Sm 19,22), torna-se representante seu, intermediário entre Deus e o povo. Assim, todo rei é por definição “messias”.

Sobre a base da promessa de Natan (2Sm 7,12-16), o povo de Israel desenvolveu a esperança de que sempre haveria um rei no trono de Davi (Sl 132,17). Quando os babilônios invadiram Judá e o rei davídico foi deportado para Babilônia, cessou a dinastia davídica em Jerusalém. No retorno do exílio, procurou-se restabelecê-la através da figura de Zorobabel (Ag 2,23), porém sem sucesso, de modo que, a partir da conquista de Jerusalém pelos babilônios, não houve mais um rei judeu em Jerusalém. Dentro do contexto de inexistência de um descendente davídico, cresceu, então, a esperança de um messias rei e esta foi projetada para o futuro: desenvolveu-se a expectativa por uma figura idealizada do messias, enviado por Deus nos tempos escatológicos.

4 O Segundo Isaías (c. 40-55)

4.1 Autoria e datação

O autor é desconhecido. Sua obra se refere à época do exílio babilônico já avançado, podendo chegar até a tempos posteriores à queda de Babilônia. Discute-se se foi escrita para os exilados na Babilônia ou para os remanescentes de Judá. Os que defendem a primeira hipótese argumentam com textos que parecem demonstrar que o profeta conhece a situação dos exilados (Is 40,27; 41,10; 49,14) e a atuação de Ciro (Is 41,25; 44,28; 45,1). Outros veem em certos textos indícios de que o texto foi escrito para os que ficaram na terra (Is 40,2); nesse caso, sua função seria preparar os remanescentes para receberem os que retornariam do exílio.

Atualmente, há três tendências de identificação da autoria e localização do escrito:

  • O escrito é obra de um profeta anônimo, chamado, desde Duhm, de Dêutero-Isaías; teria sido redigido no tempo do exílio avançado.
  • O escrito é obra de um profeta anônimo e seus discípulos; teria sido redigido no tempo do exílio avançado: desde a ascensão de Ciro no plano internacional (553) até a tomada de Babilônia e o rei Dario (522).
  • O escrito é uma obra coletiva, de um grupo. As afinidades de algumas passagens com os Salmos dos filhos de Coré (Sl 42-49; 84-85; 87-88) e os salmos da realeza do Senhor (Sl 96-98), apontariam para uma relação entre os dois grupos de redatores. Isso levou à ideia de que seriam grupos de levitas, responsáveis pela liturgia do Templo. Não se excluiria, no entanto, que, dentre estes, tenha havido autores principais, seja no sentido de formular as teses teológicas mais importantes seja no de dar a forma literária final. Seria possível, também, que tivesse havido grupos distintos: um em Babilônia e outro em Jerusalém, que se reuniriam com a volta do desterro.

A datação tradicional do conjunto dos c. 40 – 55 foi colocada no tempo final do exílio babilônico. Nas últimas décadas do século XX, porém, surgiram reconstruções de sua história redacional, com muitas variações entre os autores. Certo consenso, todavia, existe em delimitar duas grandes fases de trabalho redacional:

  • o escrito teria tido origem em Babilônia, na época exílica, em uma ou mais redações, e compreenderia sobretudo os textos existentes nos capítulos 40 a 48;
  • este núcleo teria sido completado em Jerusalém, no tempo pós-exílico, após o retorno dos primeiros exilados (em torno de 530-520); seria fruto de diversas redações e compreenderia basicamente os capítulos 49 a 55.

4.2. Organização

Is 40,1-2 abre o escrito com o tema da consolação do povo, tema que difere fortemente do tom predominante nos c. 1-39; marca-se, assim, a distinção para com o Primeiro Isaías.

O final do c. 55, por outro lado, apresenta o tema da força da “palavra de Deus” (Is 55,10-11) e retoma o que já fora apresentado na introdução sobre o valor da Palavra (Is 40,7-8). Forma-se, com isso, uma moldura, que fecha o conjunto com a alusão ao mesmo tema com que este fora aberto.

Há diversas maneiras de se considerar a estrutura dos capítulos 40 a 55. Para além do prólogo (Is 40,1-11) e do epílogo (Is 55,6-13), os textos dos c. 40-48 enfatizam o poder criador de Deus, sua ação na história e sua contraposição aos ídolos. No final do c. 48 (Is 48,20), a ordem de sair de Babilônia introduz o tema do “novo êxodo”, que predomina até o final do escrito. Sob outra perspectiva, porém, observa-se que, nos c. 40-48, anuncia-se a libertação de Judá das terras babilônicas, enquanto que nos c. 49-55 fala-se da cidade de Jerusalém, que será renovada. Dessa forma, para além do prólogo e epílogo, o livro pode ser considerado em duas partes: 44,12-48,19 e 40,21-55,5 ou então 42,12-48,22 e 49,1-55,5.

Na estrutura do livro, uma questão especial diz respeito aos textos do “Servo sofredor do Senhor”. É discutido se eles são obra do autor do II Is ou se são poemas de origem distinta e que foram aproveitados e inseridos no livro, por vezes com adaptações.

Excurso: os textos do Servo sofredor

A palavra “servo” aparece 21 vezes no II Is, sendo que 14 vezes refere-se a Israel (Is 44,1.2.8.9.21; 45,4; 48,20 etc.) e 7 vezes a um personagem não identificado (com exceção de Is 49,3). Estas últimas encontram-se em textos que constituem os chamados textos (também denominados “cânticos”) do Servo sofredor. A partir de Duhm (1892), se fala em quatro textos, cuja delimitação varia entre os autores, mas que, considerando-se a temática, podem ser identificados como: 42,1-7; 49,1-7; 50,4-9a; 52,13-53,12.

Discute-se se outros textos do II Is se referem também a esse personagem desconhecido. Outra questão debatida é se os textos são independentes entre si ou se formam uma unidade. Há semelhanças para com o horizonte teológico do II Is, no que tange ao tema do Servo-Israel (o monoteísmo, a ação de Deus na história, a relação com os povos estrangeiros, dentre outros), mas também diferenças:

  • no II Is, Israel é pecador (Is 40,2; 42,24; 43,25-28; 44,21-22), enquanto que o Servo desconhecido é inocente (Is 53,4.5.9), obediente ( Is 50,4-6; 53,7) e expia os pecados dos outros (Is 53,10).
  • Israel tem missão passiva: através de sua libertação, os pagãos verão o poder do Senhor (Is 43,12; 44,8). O Servo tem uma missão ativa: ser “aliança do povo” (Is 42,6), luz para as nações, instrumento de propiciação.

Há relações entre os quatro textos usualmente identificados e por isso a visão de que eles formem um conjunto é a mais aceita entre os estudiosos. Difícil, contudo, é explicar por que eles se encontram separados no livro. Alguns pontos seguros no que concerne aos textos do Servo são:

  • os quatro textos são ordenados de modo simétrico, dois a dois:

49,1-6 e 50,4-9: fala o “eu” que é o Servo

42,1-7 e 52,13 – 53,12: fala um outro sobre o Servo (no c. 42 fala o Senhor; no c. 53, fala um “nós” de difícil identificação, mas dentro de uma moldura que põe Deus em discurso: 52,12-15 e 53,11b-12);

  • em 49,3 o Servo recebe o nome de Israel;
  • em 50,4-9 quem fala se identifica como “discípulo”;
  • há entre os quatro textos fortes elementos de ligação, sobretudo o fato do sofrimento do Servo, que se vai acentuando nos poemas (Is 42,4; 49,4; 50,5; 52,13).

4.3 Principais pontos de teologia

a) A consolação de Israel por Deus

O livro desenvolve com ênfase a ideia da consolação que Deus promete a seu povo. A terminologia gira em torno da raiz nḥm, que tem o sentido geral de consolar. No Antigo Testamento, é utilizada em contexto de dor (morte, aflição, angústia: Gn 37,35; Gn 50,21; 2Sm 10,2-3; Lm 2,13). Consolar significa, então, trazer um auxílio que tende a ser eficaz, que traz um resultado (Sl 23,4; 71,21; 86,17).

Quando se trata da consolação de Deus, esta restabelece a relação de comunhão com Ele (Is 12,1; 43,1-7). No contexto do II Is, a consolação significa propiciar ao povo no exílio que ele retorne à terra e aí reconstitua sua vida; significa trazer à comunidade judaica, exilados repatriados e remanescentes na terra, novos dias de prosperidade e paz.

b) O Deus Criador é o Deus Salvador, o único Deus para todos

O II Is desenvolve o tema da criação e do Deus criador. A criação é apresentada numa perspectiva histórico-salvífica, como o primeiro ato salvífico de Deus. Responde-se, assim, à situação de exílio, que parecia pôr em questão o poder de Deus. Dessa forma, o II Is dá esperança de retornar à terra: o Deus criador, todo-poderoso, trará seu povo de volta, realizando assim como que uma segunda criação (Is 40,12-31). Ele é o redentor de Israel (Is 41,14), aquele que o resgata da mão dos babilônios.

O tema do poder de Deus que se manifesta na criação desenvolve-se em dois outros aspectos. Primeiramente, se Deus é o criador de todo o cosmo e dos seres humanos, então ele é o Deus de todos: o Senhor é o único Deus não só para Israel, mas em absoluto, o único Deus verdadeiro. Tematiza-se assim, explicitamente, o monoteísmo. Em contraste com a concepção mais antiga que admitia outros deuses fora de Israel, embora para Israel o único fosse o Senhor (Sl 50,1; 82,1), agora existe somente um Deus, seja em Israel, seja em outras terras. Nesse contexto de afirmação do poder do Deus de Israel, o II Is desenvolve o tema da inutilidade dos deuses pagãos. Os outros deuses nada são e, por isso, tornam-se objeto de profunda crítica, por vezes em tom irônico (Is 40,19-20; 41,6-7.21-24; 44,6-20. 24-28; 46,5-6).

Em segundo lugar, a ideia do Deus único abre a perspectiva de universalidade da salvação (Is 40,5; 41,8-16; 42,10; 43,8-13; 52,7-10). Se todos foram criados por Deus, que é o único Deus existente, então todos são chamados à salvação. Mesmo os pagãos, se aceitarem o Deus de Israel, podem participar da sua bênção. Tal universalismo, contudo, tem sempre Israel como centro de convergência (Is 45,14.20-25).

c) Deus é o senhor da história

A partir da concepção da onipotência universal de Deus, desenvolve-se ainda o tema de seu domínio sobre toda a história. Os acontecimentos históricos (no caso, o exílio babilônico) não são superiores ao poder divino. Deus se serve dos fatos e das contingências históricas para levar a cumprimento seu plano. A ascensão de Ciro, com a conquista de Babilônia, é vista como providencial: Ciro é instrumento de Deus para a libertação de seu povo (Is 41,1-5.21-29; 44,24-28; 45,1-7. 9-13; 46,9-11; 48,12-15).

É neste contexto que a volta dos exilados é tematizada com um novo êxodo, mais glorioso do que o do Egito (Is 43,16-21; 48,20-21; 49,10; 51,9-10; 52,7-12).

Para os exilados, estas afirmações serviam como sustentação e motivo para a fé. A fé abarca e saber entrever, nos acontecimentos da história humana, a ação divina, que, para além dos fatos, dirige tudo para a consecução de seu plano, que diz respeito à salvação de seu povo.

5 O Terceiro Isaías (c. 56-66)

5.1 Natureza do III Is

O III Is é uma coleção de escritos heterogêneos, nos quais dificilmente se pode encontrar uma temática unificadora. O livro apresenta-se como uma coleção de peças, que, no entanto, receberam certa unidade ao serem colocadas no conjunto. Alguns autores veem uma ligação destes capítulos com o II Is, devido a semelhanças de linguagem e conteúdo em comum, mas a maioria distingue os c. 40 -55 e 56-66 como duas partes. As semelhanças para com o II Is se dão sobretudo nos c. 60-62. Com exceção desses, que formam um bloco, há, porém, muitas diferenças para com o II Is:

  • não mais se fala da esperança de retorno do exílio nem de Ciro;
  • fala-se do templo, que parece estar em reconstrução (Is 66,1) ou já reconstruído, faltando somente aspectos decorativos (Is 60,10; 58,12);
  • há uma preocupação com a observância do sábado (Is 58,13-14), com o modo correto de jejuar (Is 58,1-12) e de oferecer sacrifícios (Is 66,1-4), com o comportamento dos chefes (Is 56,10-11). Isto supõe uma época e um pensamento diferente daqueles do II Is.

5.2 Época de composição

Duas tendências marcam os estudos em relação à datação do III Is. Há quem o entenda como independente tanto do I como do II Is, tendo sido elaborado sob influência do II Is no pós-exílio imediato (entre 538 e 515), em Jerusalém. Outra vertente considera o III Is como proveniente do mesmo autor do II Is, de modo que ele seria um prolongamento dos c. 40-55 e teria sido redigido entre a primeira metade do século V e o início do século III. Uma variante dessa última visão considera que o III Is seria um pouco posterior ao II Is e se inspiraria, embora só parcialmente, neste. Os autores poderiam ser “discípulos” (em sentido amplo) do II Is.

Vários elementos falam em favor da época pós-exílica, sem que se possa precisar, contudo, o tempo exato. Em Is 63,7-64,11 reflete-se sobre a história de Israel e se passa, a seguir, a uma confissão dos pecados e ao pedido de que Deus tenha misericórdia do seu povo. Aqui o país ainda aparece destruído (Is 63,18; 64,9-10). Os capítulos 60 e 62 apresentam a Jerusalém gloriosa, mas esta é reservada ao futuro. A cidade atual aparece ainda destruída (Is 58,12; 60,10; 61,4), semelhante à descrição que ocorre no livro de Neemias (Ne 1,3; 2,13-15.17). Estes textos poderiam, portanto, ser anteriores a 445, época da primeira missão de Neemias.

Outros textos que se referem a situações que parecem ser anteriores à reforma de Esdras e Neemias são: Is 58,13-14 (observância do sábado); Is 58,1-12 (como jejuar); Is 66,1-4 (como oferecer sacrifícios); Is 56,10-11 (a conduta dos chefes do povo). Por fim, Is 57,1-13 fala contra a idolatria de modo semelhante ao dos profetas pré-exílicos; no entanto, não se pode excluir que em época pós-exílica tenha havido tais desvios.

5.3 O profeta

Não há nenhum dado que permita traçar a identidade do profeta que estaria por trás destes capítulos. Só em 61,1-2 fala-se dele, mas sem oferecer dados sobre sua pessoa; menciona-se sua missão, em estilo semelhante ao dos cantos do Servo (fala-se em 1ª pessoa e aparecem as características de sua missão; Is 49,1; 50,4). É alguém consagrado, destinado anunciar a salvação, descrita como um grande ano jubilar (Lv 25,10). Textos como Lv 26 e Dn 9,11.24 indicam que em época tardia desenvolveu-se a expectativa de um grande e definitivo jubileu, em que todos os pecados seriam redimidos e a paz e a prosperidade seriam definitivamente instauradas. Talvez esta mesma expectativa esteja por trás de Is 61,2, com a esperança de uma salvação ainda ligada a este mundo (mudanças materiais), mas também a de uma renovação da relação salvífica com Deus (Is 61,6a.8-9).

5.4 Organização do conteúdo

Há diferentes modos de compreender a organização do III Is.

Alguns autores distinguem, a partir de temas predominantes, duas grandes partes: até Is 63,6, aparecem as temáticas direito-justiça e salvação-justiça (Is 56,1; 58,2; 59,9.14; 60,1-63,6); a partir de Is 63,7, é frequente a metáfora e comparação pai-mãe (Is 63,16; 64,7; 66,13) para Deus, num contexto de prece de súplica (Is 63,16; 64,7), que se conclui com uma pergunta (Is 64,11), à qual Deus responde (Is 65,1-66,24).

O trecho final (Is 66,18-24) trata do tema dos povos estrangeiros, retomando a ideia da universalidade salvífica de 56,1-8, que abrira o conjunto. Além disso, a menção de “todos os povos” (Is 66,18) remete a Is 2,2, formando assim uma moldura para o livro de Isaías como um todo.

É possível também compreender a organização do III Is a partir de outras temáticas nele desenvolvidas:

  • 56-59: apresentam denúncias de infidelidade do povo ou de grupos; há esperanças de futuro. Os problemas são mais concretos;
  • 60-62: o tom é sobretudo de promessas e esperança. Aguarda-se a restauração do povo, iluminado pela glória do Senhor. Os deportados voltarão e Jerusalém terá um futuro maravilhoso;
  • 63-66: apresentam denúncias e esperanças, como os c. 56-59; porém, os pecados são aqui menos concretizados e a preocupação é sobretudo teológica.

5.4 Principais pontos de teologia

a) Deus é fiel

O ponto central da mensagem do III Is é a questão da demora no cumprimento das promessas divinas de restauração, que se entende a partir da difícil situação do povo no pós-exílio. Como as promessas do II Is não se realizaram plenamente nem pareciam realizáveis, mesmo após o retorno, e como se mostrava difícil a reconstrução do templo e de Jerusalém e o restabelecimento da normalidade da vida pública, surgem, nesta época, sentimentos de desilusão e desencorajamento (Is 58,3; 59,9.11; 63,15-19; 64,5-11). Estaria o Senhor sendo infiel a suas promessas (Is 59,1)? A resposta do profeta é o encorajamento motivado pela fidelidade de Deus na história: Deus fez uma aliança e permanecerá fiel à sua palavra (Is 59,21; 63,7-9; 66,5). É neste contexto que podem ser compreendidas as grandes expectativas de futuro referentes a Jerusalém (Is 60-62; 65,16-25; 66,10-14), esperanças que se baseiam na ação do Senhor (Is 60,1.19-22; 62,11-12). Deus é Pai (Is 63,8.16; 64,7) e, como já fez no passado, intervirá para libertar o seu povo (Is 63,9; 64,2-3).

b) A comunidade renovada

Deus criará uma nova comunidade, com centro em Jerusalém e no sacerdócio (Is 65,18-20; 66,6.10-14.20-21). A salvação é prometida aos pobres (Is 61,1), os que não confiam em si mesmos, mas sim unicamente em Deus (Is 57,14-19; 61,1-3; 65,13-16; 66,2.5).

c) Universalismo com centro em Jerusalém

A salvação é endereçada também aos estrangeiros, que terão Jerusalém como ponto de convergência. Tal perspectiva encontra-se em Is 56,3-7 e 66,18b-21, ou seja, na abertura e na conclusão do livro. Ser-lhes-á permitido participar do próprio culto (Is 56,6-7).

O universalismo do III Is inclui ainda categorias de pessoas. Ao povo eleito pertencerão também aqueles que antes tinham sido excluídos pela Lei (Dt 23,2-5), sob a condição de aceitarem e viverem a aliança (Is 56,3-5). Mesmo o sacerdócio não será mais exclusivamente ligado à tribo de Levi (Is 66,21). Não é claro se os estrangeiros que participarão do sacerdócio são os judeus da diáspora, que retornarão a Jerusalém (Is 66,20-21), ou se são propriamente não israelitas. Certo é que o aspecto essencial será o relacionamento pessoal com Deus, mesmo se são indicadas algumas prescrições exteriores (Is 56,2.6-7; 58,13-14). Ao mesmo tempo, há no livro textos que mencionam a submissão dos estrangeiros ao povo judeu (Is 60,10-16; 61,5), com reserva do sacerdócio a este último (Is 61,6).

d) O povo deve-se converter

A causa do não cumprimento das promessas do II Is reside nos pecados do povo: no âmbito moral-social (Is 58,3b-12; 59,3-15; 56,10-57,1) e religioso (Is 58,13-14; 57,3-13; 65,2-7; 66,3-4). Os próprios textos que falam da idolatria (Is 57,3-13; 65,2-5.11) mostram que a responsabilidade pelas dificuldades recai em Israel, não no Senhor. O livro desenvolve uma dura crítica aos pecados das autoridades e de certos grupos (Is 56,9-57,2), especialmente dos dirigentes (Is 56,10-11). Fala também contra a idolatria, que parece incluir sacrifícios humanos (Is 57,3-13; 65,1-7). Reprova igualmente os sacrifícios (Is 66,1-4) e as práticas litúrgicas (o jejum, o sábado e a justiça: Is 58) negligenciadas ou realizadas sem a correspondente ética.

Deus é transcendente (Is 57,15; 63,15), mas é pronto ao perdão. O profeta, por isso, convida o povo à conversão (Is 57,14) e à confissão das próprias culpas (Is 59,12-20; 63,7-64,11).

6  Formação do livro de Isaías em seu conjunto

Há numerosas repetições de termos, expressões, temáticas, que perpassam as três grandes partes do livro de Isaías e dão ao conjunto uma unidade, de modo que o livro enquanto tal se apresenta como um todo coerente. Sobressai aqui a designação de Deus como “o Santo (de Israel)” (35 vezes no livro como um todo), além da correspondência entre certas passagens (Is 5,1-7 apresenta muitas semelhanças com 27,2-6; 11,6a.7b.9 é retomado em 65,25).

A composição final do livro deve ter ocorrido antes do século III aC. De fato, o texto de Sir (Eclo) 48,22-25 (início do século II) refere-se ao livro tocando temas de suas três partes; além disso, a tradução grega da LXX (de meados do século II a meados do século I aC) conheceu o livro com todos os seus capítulos, na forma que temos hoje.

A mensagem do grande Isaías do século VIII deve ter marcado círculos de cultores das tradições proféticas, de modo que ao núcleo mais antigo do livro foram sendo paulatinamente acrescentados outros textos e remodeladas passagens mais antigas. Não é possível identificar com segurança os momentos redacionais, que devem ter ocorrido desde a época pré-exílica até o período persa, passando pelo período neobabilônico. Atualmente, aceita-se cada vez mais que a segunda e terceira partes do livro não foram redigidas independentemente da primeira parte (c. 1-39).

7 Lendo o texto hoje

O Deus santo exige direito e justiça em todas as realidades humanas: no agir individual, nas estruturas sociais, na prática política, no culto. Fundamental é a atitude de conversão, que implica fé e adequação do agir à ordem divina. Deus tem o domínio sobre a vida humana no plano pessoal, social, nacional e internacional, e, a seu tempo, realizará seu plano. Ele, o Deus único, é o senhor da história, capaz de reconduzir os deportados à sua terra, criando para eles nova esperança. E para formar uma comunidade humana renovada, sem excluir ninguém que se abra à sua ação. As expectativas do rei justo e sábio, instrumento da salvação divina, se cumpriram em Jesus Cristo, o Filho de Davi que inaugurou seu Reino entre nós (cf. Mc 11,10).

Maria de Lourdes Corrêa Lima, PUC Rio – Texto original português.

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