O livro do profeta Ezequiel

Sumário

1 O profeta, sua época e local de atividade

2 O livro

3 Principais pontos de teologia

3.1 A imagem de Deus

3.2 A centralidade do culto

3.3 Teologia da história

3.4 O pecado dos povos estrangeiros

3.5 Responsabilidade pessoal

3.6 Novas perspectivas de futuro

4 Lendo o texto hoje

Referências Bibliográficas

1 O profeta, sua época e local de atividade

Segundo as palavras iniciais do livro (1,1-3), o ministério profético de Ezequiel teve lugar em Babilônia. Por não ser indicado um ponto de referência temporal, a colocação do início de sua atividade no 30º ano (v. 1) não permite datá-lo de forma absoluta. A citação do 5º ano do exílio de Joaquin no versículo seguinte, contudo, determina a data de sua vocação ao ministério profético no ano 593 aC. O rei Joaquin, de fato, foi levado cativo para Babilônia em 598, na época da primeira invasão de Judá pelo exército caldeu. Ezequiel, portanto, é testemunha da primeira investida de Nabucodonosor contra Jerusalém e, juntamente com parte da população, foi desterrado para Babilônia nessa época, sendo ali vocacionado para a missão profética.

Após esta introdução, o livro apresenta onze oráculos datados (8,1; 20,1; 24,1; 26,1; 29,1.17; 30,20; 31,1; 32,1; 33,21; 40,1). Sua disposição, nos diversos capítulos, não segue a ordem cronológica, e a data mais avançada ocorre em 29,17 (1º dia do 1º mês do 27º ano). Considerando a referência à deportação de Joaquin em 1,2, a data corresponderia ao ano 571. Delimita-se, com isso, a atividade profética registrada no livro: entre 593 e 571. Esse período de pouco mais de vinte anos contempla a maior catástrofe jamais acontecida a Judá: a tomada de Jerusalém pelos babilônios, a destruição da cidade e de amplas regiões do país, o incêndio do Templo – ocorridos em 587/6. Fica constituído, assim, o cenário para compreensão da mensagem do profeta. Antes da queda de Jerusalém, suas palavras visam precaver o povo da catástrofe: apontam os desmandos da sociedade, de modo a levar o povo e as classes dirigentes a rever seu comportamento e, desse modo, evitar o desastre. Após a captura do país, resta procurar manter a vida religiosa do povo, orientando-a; de outro lado, alimentar a esperança, anunciando a restauração do país e de suas instituições no futuro.

O texto de 1,3 dá a notícia de que Ezequiel era sacerdote. Esse dado concorda com o teor do livro, que tem na preocupação cultual um ponto central, e é corroborado também pelo amplo uso de termos de âmbito sacerdotal (puro, impuro, abominação, dentre outros). Tem-se testemunhada, dessa forma, a possibilidade de acumulação, em uma só pessoa, de funções religiosas diversas, no caso, a sacerdotal e a profética.

A profecia de Ezequiel é caracterizada por visões extraordinárias e ações simbólicas inusitadas, que chamam a atenção. Já a visão inaugural (1,4-28) apresenta elementos dificilmente conciliáveis sob o ponto de vista racional (1,9-12.15-17). Tem-se a impressão de uma visão como num sonho, no qual os dados não são completamente reais e se misturam sem uma lógica absoluta; um êxtase, em que a razão não pode controlar plenamente o que ocorre (2Cor 12,2-3). Também suas ações simbólicas são de forte impacto (3,22-27; 12,1-6; 24,16-19). A imagem do profeta que transparece é a de alguém profundamente tocado pelo divino, com experiências que ultrapassam a normalidade das coisas; alguém que vivencia de modo radical a mensagem que ele deve transmitir.

2 O livro

A introdução ao livro (1,1-3) já aponta para o fato que as palavras de Ezequiel foram submetidas a um trabalho redacional. Com efeito, no v. 1 fala o próprio profeta, em primeira pessoa, e indica-se uma data obscura (o 30º ano). Nos vv. 2-3 o redator fala sobre Ezequiel em terceira pessoa, confirmando certos dados, mas retirando a ambiguidade da datação do v. 1 e informando a situação do profeta como sacerdote. Em relação ao livro como um todo, no entanto, embora seja possível identificar acréscimos aos textos, atualmente se aceita que ele pode substancialmente ser referido ao Ezequiel do século VI, sem ser necessário recorrer a uma ficção.

O material está disposto em três partes claramente distintas: c. 1–24; c. 25–32; c. 33–40. Após os capítulos 1 a 3, que servem de introdução a todo o escrito, os capítulos 4 a 24 apresentam oráculos de juízo e ações simbólicas contra Judá e Jerusalém. Seguem-se oráculos contra nações estrangeiras (c. 25–32). O livro é finalizado por oráculos de salvação (c. 33–48).

A primeira seção da primeira grande parte (c. 1–3) relata a vocação do profeta em duas narrativas: a visão da glória de Deus (1,4-28, que continua em 3,12-15) e a visão do livro (2,1–3,11). Menciona-se ainda a função do profeta como sentinela de Israel (3,16-21), a suspensão momentânea de sua palavra e seu posterior retorno (3,22-27).

Os capítulos 4 e 5 expõem três ações simbólicas, que se referem ao início do assédio dos babilônios a Jerusalém, à duração do cerco e à sua conclusão. Seguem-se oráculos de juízo (c. 6 e 7), que se resumem no anúncio do “fim” de Judá (7,2).

Os capítulos 8 a 11 apresentam visões e anúncios: a visão dos pecados que se cometem no templo (c. 8), o anúncio da destruição do lugar sagrado (c. 9), a visão sobre a realização deste anúncio (c. 10); seguem-se uma nova visão e novo anúncio (c. 11), que culminam com a visão da glória do Senhor abandonando a cidade de Jerusalém (11,22-25). O capítulo 12 reporta uma ação simbólica que anuncia a ida do povo e seus dirigentes para o exílio.

Os capítulos 13 a 23 oferecem diversos oráculos antes da execução do juízo. Nessa seção contam-se três capítulos que desenvolvem, sob o ponto de vista teológico, a história de Israel (c. 16; 20; 23) e dois contra os guias do povo (c. 13: profetas; c. 17: os reis). São apresentadas três descrições do juízo (c. 15; 17; 19) e é anunciada a destruição de Jerusalém (c. 21–22), contra o que não há recurso (c. 14; 18).

A primeira parte do livro é concluída com novo anúncio da destruição de Jerusalém (c. 24).

A segunda parte do escrito é constituída por numerosos oráculos contra as nações (c. 25–32). São indiciadas: Amon, Moab, Edom, Filisteia, Tiro, Sidônia e Egito. Relevo especial é dado a Tiro (c. 26–28) e ao Egito (c. 29–32). A cidade de Tiro, rica pelo comércio marítimo, será destruída e seu rei será aniquilado. A cidade, de fato, foi tomada pelos babilônios em 587/6, mesmo ano da conquista de Jerusalém. O Egito cairá, será totalmente devastado; também o faraó, sob a imagem de leão e de crocodilo, será capturado. Com efeito, após a vitória sobre Tiro, Nabucodonosor parece ter tentado dominar o Egito.

A terceira grande parte começa indicando a missão do profeta após a queda de Jerusalém (c. 33). Os capítulos que seguem revertem em salvação alguns textos do início do livro. Respondendo aos capítulos 13 e 17, que reprovavam profetas e reis, o c. 34 afirma que Deus mesmo será o guia de seu povo. Em contraposição ao juízo para os montes de Israel (c. 6), anuncia-se o juízo contra os montes de Edom (c. 35). Em vez da história de pecado de Israel (c. 16), Deus promete uma história nova (c. 36). À morte do povo, descrita na primeira parte, sucederá sua ressurreição: o retorno à terra e a retomada da vida em paz (c. 37). A descrição do juízo definitivo de Deus sobre os inimigos de Israel – com a correspondente libertação do povo eleito – fecha esses oráculos salvíficos (c. 38–39).

O livro se conclui com uma longa descrição do futuro salvífico: o novo tempo e o novo Israel (c. 40–48). Nessa última seção são desenhados, em termos idealizados, o templo de Jerusalém, a disposição da cidade e a ocupação do território pelas tribos israelitas. A glória do Senhor, que se retirara do templo e da cidade (10,18-22; 11,22-25), retorna então (43,1-9) como fonte de vida para Israel (47,1-12).

3 Principais pontos de teologia

3.1 A imagem de Deus

O aspecto mais marcante do livro de Ezequiel é a imagem de Deus que ele apresenta. De modo peculiar, é colocada em primeiro plano a glória do Senhor. Esse ponto tem suas raízes na experiência fundante, expressa na visão inaugural (1,4-28), em que o profeta experimenta o contato com o divino sob a forma de algo muito além da realidade humana, só conhecido em parte (“o que parecia ser…”: 1,27), e que é identificado com o Senhor em sua majestade, em sua glória: “era o aspecto, a semelhança da glória do Senhor” (1,28). Diante dela, o profeta se prostra: “Ao vê-la, caí com o rosto em terra” (1,28).  Na visão da “glória”, o profeta experimenta a divindade mesma do Senhor. E tem acesso a um Deus a um tempo transcendente e próximo, que se comunica pessoalmente com ele, dirigindo-lhe sua palavra: “e ouvi a voz de alguém que falava comigo” (1,28).

A palavra do Senhor, o profeta a assume como sua, fazendo com que ela penetre em si e constitua sua vida: “Come o que tens diante de ti, come este livro e vai falar à casa de Israel” (3,1). Essa como que simbiose entre o profeta e a palavra que Deus lhe dirige, palavra ligada à transcendência divina, explica, em parte, as ações simbólicas incomuns que ele deve cumprir. Ezequiel não só transmite uma mensagem, mas a vivencia, em sua própria existência, como algo que ultrapassa a experiência humana.

A glória de Deus está presente não só na esfera celeste, mas também no mundo: habita o templo e a cidade de Jerusalém. Marca a santidade desses locais e lhe é sinal de proteção. Por ser incompatível com o pecado, os desmandos que se cometem no lugar sagrado (c. 8) acarretam o afastamento de Deus, e ele se retira do edifício do templo (10,18-22). Pelos pecados dos habitantes, deixa também da cidade (11,22-23). Explica-se dessa forma, teologicamente, a possibilidade de o templo e a cidade serem invadidos e tomados pelos babilônios: a glória de Deus, não os habitando mais, os deixa desprotegidos e, portanto, sujeitos à destruição. A garantia de defesa reside somente na presença de Deus e não nas manobras políticas das classes dirigentes.

Por outro lado, Ezequiel enfatiza que a glória do Senhor se manifestou já no passado, em todas as fases da história de Israel; agora, se manifestará no juízo que ocorrerá em breve e na salvação que Deus promete para o futuro. Esse aspecto é posto em relevo pela chamada “fórmula do reconhecimento”, muito utilizada no livro: “Então conhecereis/conhecerão que Eu sou o Senhor” (11,10; 12,16; 20,38.40.44; 29,6; 36,11; 37,6). Pelos atos divinos na história, Deus demonstrou sua força e seu domínio sobre Israel e os povos e ainda os demonstrará no futuro. A partir desta ação, o povo de Israel deverá chegar a reconhecer Deus como Deus: o “Eu sou o Senhor” retoma o nome próprio de Deus, revelado a Moisés (Ex 3,14: “Eu sou (quem) eu sou”).

3.2 A centralidade do culto

À centralidade da glória de Deus corresponde a centralidade do culto. Pois Deus manifesta sua glória particularmente no templo e na liturgia. Daí a importância dada, no livro, aos aspectos cultuais. Como o pecado acarreta o afastamento da glória de Deus e, consequentemente, o exílio babilônico, assim também os abusos no culto trarão consequências para a história.

A perspectiva cultual se reflete ainda na forma de se tematizar o pecado, concebido sobretudo como idolatria, prostituição e abominação (6,3-14; c. 16). O c. 8 desenvolve detalhadamente os pecados que têm lugar no recinto do templo: a presença de representações de animais e ídolos (8,9-10.13), o culto ao deus babilônio Tamuz (8,14-15), a veneração voltada para o sol (8,16-17). Esses atos são grandes “abominações”, termo muito utilizado em Ezequiel e que indica o que é absolutamente incompatível com o Senhor (Dt 22,5; 25,16), em todos os âmbitos, também no âmbito cultual (Ez 22,11; Dt 12,31; 23,19; 7,25-26).

Os desmandos de ordem social são também relacionados, no livro, à glória do Senhor e ao culto. Toda situação de injustiça, os crimes de diversos tipos (22,1-12), a transgressão dos mandamentos, são “abominação” (22,2 [3]), contrariam a glória de Deus e, com isso, aquilo que se celebra no culto.

3.3 Teologia da história

Em três longos capítulos, o livro descreve a história de Israel, em suas diversas etapas, de seus inícios até o tempo do profeta, abrindo-a a perspectivas futuras. O c. 23 traça a história dos dois reinos, Judá (Reino do Sul) e Israel (Reino do Norte), e demonstra que a culpa e os pecados de Judá ultrapassam os do Reino do Norte. Com isso, prepara-se a destruição do reino de Judá: como o Reino do Norte foi dominado e eliminado (pelos assírios), paira a mesma ameaça sobre o Reino do Sul (com os babilônios). O c. 16 retoma o simbolismo matrimonial desenvolvido pelo profeta Oseias (Os 1–3) e apresenta a infidelidade de Israel a seu Deus como a traição do amor e da fidelidade. No c. 20, as fases da história são minuciosamente individualizadas: Israel no Egito (20,5-9), no deserto (20,10-24), na terra da promessa (20,25-31). Em cada uma, o povo se mostra pecador e a infidelidade cresce. Desse modo, a história avança; porém, no sentido de um grande declínio, chegando a seu ponto mais baixo na época do profeta. Tal desenvolvimento acarretará a destruição do povo. Pois, em todos os momentos da história, em contraposição ao cuidado amoroso de Deus, Israel mostrou-se não só pecador, mas ainda totalmente avesso ao agir e à palavra do Senhor. Foi não somente infiel, mas “rebelde”, fixado em suas próprias atitudes, recusando-se a reconhecer sua culpa (2,2-3.6.8; 3,7; 20,8.21).

Diante desse quadro, não se vislumbra nenhuma perspectiva de salvação que surgisse da conversão do povo; a única possibilidade de salvação reside em Deus, que realiza o juízo como um novo êxodo: a libertação do desterro em Babilônia e o retorno à própria terra, passando pelo deserto em que será confrontado com o Senhor (20,34-36). Dessa forma, o povo chegará à fidelidade (20,37-38). Enfim Deus reinará sobre Israel (20,33). Deus julgará e salvará (16,60-63), restabelecendo a aliança e realizando, assim, a meta do êxodo do Egito, isto é, levar o povo à sua terra, para que viva em comunhão com Deus, em prosperidade e paz (16,39-44).

A única esperança para o povo eleito reside, portanto, em Deus; especificamente, na fidelidade de Deus a seu plano original de salvação, a seu desígnio de conduzir o povo para um grande futuro: “Então sabereis que Eu sou YHWH, quando Eu agir em consideração ao meu Nome e não de acordo com os vossos caminhos maus e as vossas ações perversas” (Ez 20,44).

3.4 O pecado dos povos estrangeiros

Característico de Ezequiel é tematizar o pecado das nações estrangeiras como “orgulho”, como tentativa de se igualar a Deus (28,1-2). É esse o motivo por que Deus rejeita as nações (28,6-10; 28,17; 31,2-9), de modo que serão dominadas por Babilônia (31,10-11; 32,11).

O juízo para as nações estrangeiras é sumarizado no c. 39, através da destruição de um personagem lendário, Gog (38,18-22; 39,1-5), paradigma daqueles que atentam contra o povo de Deus (38,17). Serão aniquilados Gog e seus exércitos, suas armas, sua terra e a de seus aliados (39,6.9-10). Com isso, se manifestará o poder de Deus para Israel e para as nações (39,16; 39,7.21-22), e Israel terá nova vida, em paz, na sua terra (39,25-28)

3.5 Responsabilidade pessoal

Assim como Jeremias, Ezequiel invalida a concepção segundo a qual os pecados dos antepassados podem ser punidos nas gerações subsequentes (Ex 34,7; Jr 32,18; Ez 18,19-20):

“Que vem a ser este provérbio que vós usais na terra de Israel: ‘Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos ficaram embotados’?” (Ez 18,2; Jr 31,29).

Tal mentalidade, baseada na ideia de solidariedade entre os membros do clã, mesmo através das gerações, levava a atribuir os males presentes a faltas dos antepassados e, com isso, inviabilizava a tomada de consciência da própria culpa. Ezequiel chama à responsabilidade individual: cada um deve responder por seus atos. A sorte dos homens não depende das escolhas de seus ancestrais, mas de suas opções no presente (14,12-23; 18,1-32). Dessa maneira, fica evidenciada a importância da conversão como decisão pessoal (3,16-21; 33,10-20). O profeta tem a missão de exortar, admoestar (3,16-21), mas a cada um cabe responder por seus próprios atos (33,1-9).

3.6 Novas perspectivas de futuro

Os c. 40–48 descrevem a grande restauração de Israel. No centro desta restauração encontra-se o Templo, que é reconstruído e para o qual retorna a glória do Senhor (43,3-7). A descrição do templo escatológico é idealizada e simbólica (c. 40–42), de modo a mostrar a perfeição definitiva: sua estrutura, os átrios, o “santo” e o “santo dos santos”, as dependências para os sacerdotes, o altar (c. 40–43). O cerimonial é minuciosamente detalhado (c. 44–46). Habitado novamente por Deus, do santuário sairá a fonte que se transformará em grande rio e trará vida plena para o povo (47,1-12).

O país será, como no tempo de Josué, novamente ocupado. O território de cada tribo será cuidadosamente delimitado (47,13–48,14; 48,23-29).

Por fim, também a cidade santa terá seu território detalhadamente dividido entre sacerdotes, levitas e o príncipe, de modo que não haverá mais usurpação de terras pelos governantes (48,15-22). Ela será aberta a todas as tribos (48,30-34), sendo, assim, a síntese de todo o povo de Israel. No último versículo do livro, anuncia-se o nome novo que ela receberá (48,35): “o Senhor está ali” (“YHWH sham”) – um jogo de palavras com seu nome: “Yerushalaim” (Jerusalém). Expressa-se, dessa maneira, sua total renovação.

Tudo isso é precedido pelo anúncio da ação de Deus, que transformará o povo a partir de dentro, purificando-o (36,25-28) de toda a idolatria, transformando seu interior e renovando com ele a aliança: “Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus” (36,28). Como numa nova criação, aos exilados é dada a grande esperança de receber, pela força do Senhor, nova vida na sua terra (37,1-14).

4 Lendo o texto hoje

O livro de Ezequiel convida a reconhecer a transcendência de Deus, cuja glória se manifesta na criação e na história. A experiência a um tempo da transcendência e da proximidade de Deus confere olhos mais sensíveis a tudo o que se opõe à ordem divina na vida, particularmente no culto que se deve prestar a Deus mas também em todas as situações pessoais, comunitárias e sociais. Romper o coração “rebelde” é exigência fundamental para que a ação de Deus possa encontrar receptividade na vida humana. Deus oferece purificação, regeneração, o renascer da água e do Espírito (cf. Jo 3,5; Ez 36,25-27), e com isso abre a história, marcada pela negação do plano divino, a um futuro em que Deus realizará plenamente suas promessas.

Maria de Lourdes Corrêa Lima, PUC Rio – Texto original português.

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