A Conferência dos Religiosos(as) do Brasil (CRB)

A Conferência dos Religiosos(as) do Brasil (CRB)

No dia 11 de fevereiro de 2024, a CRB completa 70 anos, jubileu de vinho, produzido com uvas de melhor qualidade, o mosaico da Vida Religiosa Consagrada presente no Brasil (VRC). A narrativa dos fatos que alimentaram todos esses anos e que iluminam o futuro estão inseridos, como bem disse a Ir. Maria Carmelita de Freitas, “na situação sócio-política do país, quanto do ponto de vista da Igreja na sua autocompreensão e no exercício de sua missão evangelizadora” (Convergência, Jul/Ag 1986, ano XXI, p. 353). Não podemos entender o surgimento e a presença da VRC no Brasil sem os contextos históricos de ontem e de hoje. A ideia da Conferência amadureceu à luz dos movimentos pré-conciliares e tornou-se realidade na assimilação do Vaticano II e do consequente desdobramento das Conferências de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingos (1992) e Aparecida (2007), em plena sintonia com o Brasil mergulhado na ditadura (1964), até a redemocratização, a partir de 1985. A CRB sempre foi solidária com o povo brasileiro, com suas angústias e esperanças, retrocessos políticos e avanços democráticos. Desde sua natureza profética-mística-missionária, a CRB, como instituição de animação e organização da missão da vida religiosa no Brasil, soube contribuir com iniciativas corajosas, às vezes também em crise, mas sempre iluminada pela força do Evangelho. Agora, à luz da 1ª Assembleia Eclesial Latino Americana e do Caribe, 2021, e do Sínodo sobre a sinodalidade (2023), estamos num processo de ressignificação de nossa presença no território brasileiro com os desafios da mudança de época numa sociedade líquida e polarizada.

  1. Alguns elementos do marco histórico da fundação

A articulação em rede das religiosas(os) do Brasil foi uma iniciativa da Sagrada Congregação dos Religiosos, em Roma, no final dos anos 1940. No entanto, a ideia ganhou força no Brasil, a partir da realização do Congresso Internacional dos Religiosos(as) de 1950, em Roma, convocado pelo papa Pio XII. O tema do Congresso foi “A renovação dos estados de perfeição acomodada aos tempos e condições presentes.” Três eixos iluminaram os debates: a renovação quanto a vida e disciplina; a renovação da formação e educação; a renovação do apostolado ordinário e extraordinários dos religiosos(as). O Papa Pio XII teve protagonismo relevante no Congresso e deu um impulso decisivo para a renovação que chegaria com o Vaticano II (1962-1965).

Animados(as) pelo evento Internacional os(as) religiosas(os) do Brasil começaram a se articular e realizaram nos dias 07 a 13 de fevereiro de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, com mais de 1000 religiosos(as), representantes de todos os Estados brasileiros, o 1º. Congresso Nacional dos Religiosos(as) do Brasil, com o apoio do Núncio Apostólico Dom Carlo Chiarlo, do cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro, e do salesiano Padre Irineu Leopoldino de Souza. O padre Irineu Leopoldino foi uma figura chave no processo de fundação da CRB. “Homem inteligente, criativo e de grande capacidade de organização, empreendedor e de visão integrista” (Convergência jul/Ag 1986, ano XXI, n. 194, p. 358), contribuiu , nos primeiros anos, com a sistematização da CRB e, com ele, duas Congregações também tiveram importância vital: a Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado e a Congregação do Santíssimo Redentor (redentoristas).

Em 10 de fevereiro, o texto de fundação da CRB foi apresentado em sessão fechada somente com os Provinciais presentes no Congresso, 53 ao todo. No Estatuto estava previsto: uma assembleia Geral a cada 3 anos, uma Diretoria composta de 7 membros, com oito órgãos atuantes: jurídico, de estatística, educação e ensino, de catecismo, de assistência social, de obras diversas, de missões populares (Convergência jul/Ag 1986, ano XXI, n. 194, p. 359). A finalidade da Conferência seria de “coordenação e articulação das diversas comunidades religiosas, o estudo dos problemas, e a criação de serviços de interesse comum, visando a uma colaboração sempre mais eficaz” (Valle Edenio (org), Memória Histórica, as lições de uma caminhada de 50 anos CRB – 1954-2004, publicações CRB 2004, p. 36; Convergência jul/Ag 1986, n. 194, p. 359). No mesmo dia 10 foi eleita a Diretoria:

Presidente: D. Martinho Michler, Abade do Mosteiro de São Bento/RJ;

Secretário Geral: Pe. Irineu Leopoldino de Souza, sdb

Tesoureiro: Ir. João de Deus, Provincial dos Maristas;

Conselheiros(as): Pe. João Rocha, Provincial dos Jesuítas; Frei Tarcísio Palazzolo, Superiora das Missionárias de Jesus Crucificado; Madre Maria de Santa Clara Conort, Superiora Provincial da Ordem de Santa Úrsula.

A posse ocorreu no dia 11/02, festa de Nossa Senhora de Lourdes. A primeira sede foi concedida pelas irmãs do Colégio de Santa Úrsula no Rio de Janeiro. Dom Hélder Câmara deixou para a história esse pensamento sobre a criação da CRB: “O acontecimento tem para os Religiosos(as) do Brasil o mesmo alcance que teve para a hierarquia a fundação da CNBB. Os dois secretariados deverão, aliás, atuar sempre dentro da mais completa sintonização” (Valle Edenio, Memória Histórica, p. 37). Dois anos depois, 1956, a revista Convergência começou a circular, com o objetivo de intensificar a intercomunicação e colaboração entre os religiosos(as) do Brasil.

A partir da fundação, a CRB, com as iniciativas do secretário geral, assumiu um protagonismo rápido e com movimentação elevada de recursos econômicos. A forma como a CRB defendia a Lei de Diretrizes de Base da Educação e as relações com a Juventude Estudantil Católica (JEC) e, sobretudo, no parecer da CNBB, a estrapolação das atribuições da Conferência, criaram um impasse entre as duas Instituições. O padre Irineu era um homem de grandes iniciativas, empreendedor no sentido objetivo do termo. A CRB, em pouco tempo, conseguiu um prestígio internacional e uma articulação interna invejável.  Porém, o crescimento empresarial da CRB chamou a atenção da hierarquia. O desejo de manter a CRB com sua autonomia própria, em relação a CNBB, aprofundou mais ainda a crise. O resultado foi a necessária substituição do secretário geral, em 1959, com o apoio do Núncio Apostólico Dom Armando Lombardi. Assumiu o padre Thiago Cloin, CSSR, com o objetivo de entrosar melhor a CRB na pastoral de conjunto da CNBB. Assim, a CRB retornou ao seu objetivo inicial de promover a renovação da VRC no Brasil, sem perder, porém, seu dinamismo.

  1. A articulação pastoral da VRC (1959-1965)

Com a eleição do novo secretário geral, padre Thiago Cloin, redentorista, a CRB começou a enveredar o caminho com duas metas: o melhor entrosamento com a CNBB e a inserção da VRC na pastoral de conjunto. Mudou o eixo das ações da Conferência sem alterar sua natureza, ou seja, “promover maior vitalização da VRC, no seio da Igreja renovada e em renovação” (Convergência jul/Ag, n. 194, p. 363).

Na Assembleia de 1962, nos inícios do Concílio Vaticano II, o tema foi: “O aprimoramento da VRC e a colaboração com a hierarquia, em vários níveis: apostolado sacerdotal, apostolado dos irmãos, apostolado das religiosas, apostolado educacional” (Convergência jul/Ag, n. 194, p. 364). Dom Hélder Câmara, secretário geral da CNBB, apresentou as grandes linhas da pastoral de conjunto e o Plano de Emergência, confiando a CRB, sua inteira adesão e colaboração. Também foi apresentado o iniciante “movimento de Natal” que, envolveu a VRC nos meios populares e plena sintonia com o Plano de Emergência. A adesão dos Superiores Gerais e Superioras foi fundamental para concretizar a melhor articulação da VRC nas ações promovidas à luz da pastoral de conjunto.

Com o advento do Concílio um novo capítulo foi aberto na VRC do Brasil. A euforia dos anos precedentes, a fundação da CRB e sua estruturação (Valle Edenio, Memória Histórica, p. 49ss), acaloraram mais ainda o processo. Com o término do concílio, dezembro de 1965, e o regime militar de 1964, que levou ao AI 5, em 1968, com a ditadura, censura, torturas, desrespeitos aos Direitos Humanos, conflito social, a Igreja do Brasil assumiu um novo protagonismo, “ser voz dos que não tinham voz.” A CRB não ficou à margem dos problemas sociais e políticos da época. Manteve-se unida a CNBB e aos movimentos de rejeição da ditadura pagando, inclusive, um preço alto com perseguições e mortes de religiosos(as).

O Concílio, convocado pelo Papa João XXIII, foi eminentemente pastoral. Sua meta era o diálogo com o mundo e com os irmãos separados e não católicos, portanto, ecumênico. A Igreja repensa sua natureza no Brasil e foi fiel a três princípios básicos do Concílio:

  1. Uma Igreja voltada para o mundo, atenta a missão evangelizadora – servidora;
  2. Igreja Povo de Deus, fundada na graça batismal, e não na hierarquia;
  3. Igreja que pensa sua ação evangelizadora a partir da realidade local, na comunhão de Igrejas, e não da cristandade;

A CRB seguiu esta intuição no processo de inserção na missão da Igreja e na sociedade em conflito. Assim construiu e amadureceu sua história.

  1. Na esteira do Vaticano II (1965-1968)

A palavra de ordem do Concílio foi o aggiornamento – atualização – sair do imobilismo das tradições, das normas anacrônicas, da formalidade de vida, do distanciamento do povo e das condenações teológicas. Isso provocou um grande êxodo da VRC para as periferias, experiência de pequenas comunidades inseridas nos meios populares. Porém, ao lado desse processo de abertura, haviam ambiguidades profundas como a secularização, o progresso científico e técnico com resultados surpreendentes para a VRC: crise de identidade, crise vocacional e a necessidade de rever sua própria natureza e a relação com a sociedade e com a Igreja (Valle Edenio, Memória Histórica, p. 58), o hábito religioso foi substituído pelo traje civil, muitos religiosos(as) tiveram acesso a cursos superiores. Muitos candidatos(as) negros(as) entraram na VRC, o sentido de justiça social e consciência crítica foram acentuados, forças libertadoras e de restauração do modo de vida foram dinamizados e tudo isso gerou “medo, ansiedade, perplexidade, alegrias e desejos” (CASTILHO PEREIRA William César (0rg.), Análise Institucional da vida religiosa consagrada, 2ª Ed., Publicações CRB, 2012, p. 32).

Essa euforia inicial criou também forças contrárias que reforçaram a crise na VRC e obrigaram a uma nova leitura da relação Sociedade e Igreja.

 

  1. A crise institucional numa Igreja em mudança (1968-1973)

Em 1968, a CRB realizou a Assembleia Geral Ordinária (AGO). O grande protagonista foi o padre Marcelo Azevedo, eleito presidente da CRB. O tema da Assembleia foi A vida religiosa no Brasil hoje. A reflexão nas Províncias mexeu com toda a VRC. Três fatos foram marcantes naquele momento: a realização da Conferência de Medellín (1968) com o objetivo de concretizar o Concílio na América Latina; O informe enviado pela Sagrada Congregação dos religiosos sobre a vida religiosa no Brasil; a crise econômico-financeira da CRB de 1970-1971. Também foi cada a equipe teológica da CRB.

Medellín foi a tomada de consciência sobre o Concílio na América Latina. Um evento, portanto, de grande valor transcendental eclesial e social. A Conferência lançou um olhar corajoso e profético sobre a realidade dos povos do continente e se descobriu como uma Igreja pluralista, conflitiva, com a clara visão de que era necessário o diálogo entre fé e justiça social. Evidentemente, a CRB foi envolvida nessa reflexão com a projeção da missão em contextos sempre mais desafiadores.

O Informe da Sagrada Congregação dos Religiosos apresentou críticas sérias contra o processo de renovação da CRB no Brasil. O padre Marcelo Azevedo teve a suficiente lucidez para responder às críticas e não aprofundou a crise, mas ajudou, através do diálogo construtivo o reconhecimento da vitalidade da CRB.

O colapso econômico-financeiro da CRB, entre 1970 e 1971, foi dilacerante. No entanto, a Diretoria soube fazer a gestão da crise oportunizando o momento e promovendo a natureza própria da missão da CRB que desencadeou a realização da X AGO em 1974, com a temática da missão e do profetismo.

  1. A redescoberta da missão profética da VRC (1974-1977)

À luz da Teologia da Libertação, que nascia da realidade Latino Americana, ajudou a CRB na reflexão sobre sua missão profética. Amparada com a realização do Sínodo de 1974, sobre Evangelização e a consequente exortação apostólica de Paulo VI, Evangelii Nuntiandi (1975), os processos de inserção na realidade brasileira e o serviço à sociedade a partir da riqueza dos carismas, proporcionou a experiência mística de estar no meio dos pobres, nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), como um momento do Espírito que projetou a VRC num movimento novo de comunhão e compromisso com o Povo de Deus, em sintonia com a realidade de conflito do Brasil.

  1. A riqueza de Puebla e os desafios de Santo Domingos para a VRC no Brasil (1977-1995)

 A etapa que precedeu Puebla (1979), estava delineada em duas posições eclesiais de conflito. De um lado, a vivência da fé ligada à Teologia da Libertação, que denunciava a injustiça social e a desconexão entre fé e vida. A outra vertente defendia que o problema residia na perca de identidade do povo latino-americano e sua relação entre fé e cultura (Valle Edenio, Memória Histórica, p. 64).

A VRC estava imersa na primeira posição, Teologia da Libertação em sintonia com Medellín. A equipe de reflexão teológica da CRB trouxe a temática para a VRC e deu uma grande contribuição na preparação da AGO de 1977, sobre a missão profética. Os resultados de tamanho esforço foram importantes: a mudança institucional e o modelo de formação; a influência de Medellín na missão e profetismo da VRC; o crescimento das vocações vindas dos meios populares e o incremento do novinter, juninter e outras ações intercongregacionais na formação; a consciência de que a experiencia de Deus deve ser vivida a partir dos pobres;

Na primeira visita de João Paulo II ao Brasil (1980), a VRC, vivia  os impactos positivos da Conferência de Puebla e a profética opção pelos pobres e jovens. A visita, com certeza, acelerou o desmonte da ditadura militar, porém, ressaltou duas tendências na experiência da Igreja no Brasil: a abertura sociopolítica e a cautela nos avanços intraeclesiais (Valle Ednio, Memória Histórica, p. 77). A CRB colocou-se na linha profética de libertação dos pobres com o processo de inserção nos meios populares nas CEBS, CIMI, CPT, PO, PJ, MST, Pastoral do Negro, da Mulher marginalizada, do Menor, Centros de Direitos Humanos, atraindo para si muitas críticas. A personalidade do Papa era muito forte e trouxe uma influência enorme para a caminhada eclesial da América Latina. O tema da Nova Evangelização, como um verdadeiro projeto de missão do Papa contra o avanço das chamadas “igrejas eletrônicas” e o retorno à disciplina, gerou uma tensão entre a hierarquia e a VRC. Quando a CLAR lançou o Projeto Palavra-Viva, para celebrar os 500 anos da Evangelização com uma leitura orante da Escritura, os conflitos não tardaram a chegar. A CRB encontrou na pessoa de Dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, acolhida e incentivo para o Projeto e publicou uma série de livros sobre o tema ampliando sua prática nos meios populares.

A Conferência de Santo Domingos (1992), apesar de seus limites, destacou as relações entre hierarquia e VRC como bastante tensas, porém, a Conferência não avançou muito e pouco repercutiu no Brasil, a não ser pelo tema da inculturação, assumido e refletido na práxis eclesial e da VRC. A convocação de um Sínodo sobre a VRC surpreendeu a todos(as). Havia um clima tenso, de conflito, sobretudo na América Latina. O Sínodo aconteceu em 1994, no Vaticano. A temática central foi sobre a eclesialidade. O cardeal relator, Hume, disse claramente: “Não há vida consagrada, com efeito, fora da vida e da missão da Igreja. Ela é suscitada e erigida pelos pastores para o bem do Corpo místico de Cristo, é reconhecida e erigida pelos pastores legítimos como estado consagrado a Deus, só vive se for como ramo unido ao tronco, participa na missão confiada à Igreja” (Valle Edenio, Memória Histórica, p. 90). O equilibrismo nesta relação hierarquia – VRC ainda não está totalmente serena. Há sempre alguma tensão, questão de poder, que pode ser resolvida no espírito de comunhão e reciproca colaboração.

A partir dos anos 90, a presença de leigos(as) vinculados aos carismas fundacionais começou a crescer com uma novidade interessante: a comunhão carismática e a missão. A VRC abraçou a causa e hoje, temos a riqueza da presença de cristãos leigos(as) que, com formação adequada e compromisso apostólico, dão às Congregações um novo alento, inclusive, com o despertar de vocações.

  1. A re-fundação da VRC (1995-2000)

O tema da re-fundação, em sintonia com as experiências anteriores, toma nova vigor a partir de 2001, com Assembleia Geral. O grande objetivo era voltar ao originas, às fontes da VRC no seguimento de Jesus Cristo. Com a força da invocação e presença do Espírito Santo nos trabalhos preparatórios e na realização da assembleia, a CRB, deixou-se envolver pela liberdade do sopro de Deus, ouvir, ver, conhecer e descer à realidade do Brasil e das periferias, incentivando a presença solidária e profética da VRC nos ambientes de maior vulnerabilidade. É fato, a CRB, sempre procurou responder aos sinais dos tempos e buscou de forma dialogal, mas sem perder o rumo, a animação da VRC naquilo que lhe é mais radical e profético: descer das amarras institucionais e deixar-se conduzir pelo Espírito, porque a VRC não consegue conviver com o engessamento da instituição. Ela nasceu no deserto, na hostilidade e no perigo, mas foi, no deserto, que ela sempre encontrou o Senhor da história que fez e continua fazendo jorrar a água viva.

  1. A presença da mulher na CRB

Acredito que seja importante este destaque na história da Conferência. Na verdade, a presença ativa das religiosas na Conferência remonta seus inícios, embora, na ordem da presidência nacional, a primeira mulher a ocupar a presidência foi a  Irmã Maris Bolzan, sds. Também, na Assembleia de 2001, a presença de junioristas de todo o Brasil fez-se sentir dando um novo vigor e esperança. O Projeto da nova estrutura da CRB, iniciada no triênio passado, em relação à formação, a intercongregacionalidade e a opção pelos pobres, foi levada avante; enfim, a uma nova forma de ver e pensar a CRB no Novo Milênio.

Nesse sentido, em forma de mutirão, a nova Diretoria levou pra frente o Plano de Ação, fazendo ressurgir uma fisionomia mais ousada da vida religiosa no Brasil, com três eixos fundamentais: Projetos voltados para a presença da VRC na sociedade; Projetos voltados para a presença eclesial da CRB; Direções principais na animação interna da VRC (Valle Edenio, Memória Histórica, p. 180-188).  Realizou-se também a revisão do Estatuto civil e o Regimento Interno da sede Nacional e das Regionais. Gerou, podemos admitir, um novo olhar para os tempos que desafiavam a CRB na sua missão. É importante destacar a captação de recursos dessa época através de instâncias eclesiais e religiosas como a ADVENIAT, MISEREOR, KIKCHE IN NOT, com apoio para a formação, bolsas de estudo e projetos sociais.

A presença de três presidentes: Irmã Maris Bolsan, sds; Irmã Márian Ambrosio, idp; Irmã Maria Inês, mad, deram a CRB uma fisionomia feminina positiva e dinâmica, fortalecendo ainda mais o valor da Conferência com sua contribuição masculina e feminina em todos os níveis.

  1. Relação da Presidência
  2. Dom Martinho Michler, OSB – 1954-1965
  3. Antônio Aquino, SJ – 1965-1968
  4. Marcelo de Carvalho Azevedo, SJ – 1968-1977
  5. Décio Batista Teixeira, SDB – 1977-1983
  6. Claudio Falquetto, FMS – 1983-1989
  7. João Edênio R. Valle, SVD – 1989-1995
  8. João Roque Rohr, SJ – 1995-2001
  9. Irmã Maris Bolzan, SDS – 2001-2007
  10. Irmã Márian Ambrosio, IDP – 2007-2013
  11. Irmão Paulo Petry, FSC – 2013 – 2014
  12. Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, MAD – 2014-2022
  13. Irmã Eliane Cordeiro de Souza, Mercedária da Caridade. 2022-2025

A Assembleia de 2022, eletiva, retornará, em certo sentido, ao tema da re-fundação, porém, com outra variante, a re-ssignificação da VRC no contexto atual do país, no enfrentamento da pandemia e nos desafios de um “novo normal”, que exigirá de nós perseverança e fidelidade criativa.

Pe. João da Silva Mendonça Filho, sdb